Não é só garoa

Se o poeta falou, talvez ele mesmo não repetiria que a terra da garoa é o túmulo do samba. Como já disse Quinteto em Branco e Preto: São Paulo tem bamba, tem samba e muita gente boa.

São Paulo revela, cada vez mais, grandes sambistas e, mais que isso, referências para o samba de todas as gerações. E não são dois ou três para dizer que temos um ou outro sambista. Só para dar alguns exemplos daqui saíram nomes como Geraldo Filme, Paulo Vanzolini, Adoniran Barbosa, Demônios da Garoa que inclusive figura no livro dos recordes como o grupo de samba mais velho do mundo, Thobias, Quinteto em Branco e Preto e muito outros nomes que fizeram e fazem a diferença no samba.

Quem é do samba sabe que não importa a origem, mas sim, a qualidade e o amor ao ritmo nosso de cada dia. Infelizmente não temos a mesma quantidade de bambas que o Rio de Janeiro produziu ao longo da história. O que é uma pena, pois se todos os estados brasileiros tivessem, o mundo consumiria o samba da mesma maneira que consome o rock.

De qualquer forma, é inevitável negar a importância que projetos como Samba da Vela, Pagode do Cafofo, Samba da Laje, Berço do Samba de São Mateus, Comunidade do Samba de Mauá, Rua do Samba Paulista e inúmeros outros, têm para que o samba se dissemine e ganhe novos seguidores.

O fato é que São Paulo não é só garoa, a Bahia não é só acarajé, em Minas não tem só queijo e que no Camisa, Bixiga, na Vela, no Pelourinho, no Triângulo Mineiro, Parque Barigui, na Lapa, na Asa Norte... o samba ecoa.

A chama não se apagou

@camposdennis

Samba roots da semana


Estreia hoje uma nova sessão no meu samba é roots: o samba roots da semana.
A ideia é, não somente resgatar a raiz do samba, como criar raizes e divulgar novos nomes do samba.
Começamos com a bela voz de Moyses Marques cantando Paulo César Pinheiro.

José Alencar mais um menino pobre que chegou lá

Trabalhou desde pequeno, ralou, enfrentou barreiras até o fim da vida. Esse poderia ser a história de vários sambistas, como Cartola. Mas aquele menino que andava descalço na rua e ao leo, cresceu lutando e foi assim se transformando num empresário, senador e vice-presidente do Brasil. Fica aqui a homenagem do meu samba é roots pra mais um guerreiro.

A chama não se apagou

@camposdennis

Cadê o negão?

Quem começou a tocar cordas nos anos 90 certamente se recorda do negão da Revista Ginga Brasil, que vivia assobiando e carregando seu cavaco, seu banjo e o violão.

Outro dia, por curiosidade, fui a uma banca perguntar sobre uma revista de cavaco e o atendente teve certa dificuldade para achar e, mais ainda, para entender porque alguém compraria uma revista de cifras em plena era da internet, em que se pode, com dois cliques, acessar a música de qual época for.

A verdade é que junto com todas as facilidades e benefícios trouxe a nostalgia para os cavaquinistas e violonistas que corriam para as bancas de jornais para ler as reportagens, aprender as músicas novas, que na época eram lançadas somente nas rádios e colecionavam as edições mensais da revistinha mais popular da época.

Hoje, a maioria dos musicistas e músicos se adaptaram a era do www e os mais tradicionais preferem tirar de ouvido.

Seja como for, a raiz do samba continua tendo muitas histórias pra contar.

Para musicalizar esse assunto, o novo samba de Leandro Sapucahy, que se a revista estivesse nas bancas, com certeza teria essa cifra: Ê coração.

A chama não se apagou

@camposdennis

E se os sambas fossem livros?







Regina Casé reESQUENTA o samba raiz na TV


Embora seja uma verdadeira bagunça, com uma edição cheia de cortes repentinos, o programa Esquenta, exibido pela Rede Globo no início das tardes de domingo, trouxe o bom samba de volta à mídia.

É gente que entra em cena, sai e ninguém percebe, convidados que falam de mais, outros são quase figurantes, mas o fato é que Regina Casé rePOPularizou o samba, que como sempre, tem seu espaço garantido na emissora em período de carnaval.

O programa, que tem na base sambistas como Leandro Sapucahy e Arlindo Cruz, já recebeu outros grandes bambas como Zeca Pagodinho e Dona Ivone Lara.

Isso agrada os amantes do bom samba que, ao acordarem após uma noite boêmia, por volta de meio dia (até nisso pensaram) podem acompanhar uma música de qualidade em seus televisores. O programa se encerrou no último domingo, mas promete voltar no mês de junho. Estamos no aguardo.

Abaixo a vinheta do programa.


A chama não se apagou

@camposdennis


TÁ ESCRITO: SOU FELIZ E AGRADEÇO POR TUDO QUE DEUS ME DEU

Quem cultiva a semente do amor pode utilizar o samba para louvar a Deus.

O samba não é só um ritmo, uma manifestação cultural ou alegria do povo. Mais que isso, pode ser utilizado para agradecermos pelo pão nosso de cada dia.

Zeca Pagodinho cantou que já passou por quase tudo nessa vida e Diogo Nogueira afirma que a fé que guarda no peito é a garantia de que se na vida encontrar dissabor vai saber esperar sua hora.

Quem é de Deus, Pai, Na paz de Deus, Orai por nós e Deus é mais são alguns dos sambas de exaltação e oração a Deus. Até mesmo o velho malandro Bezerra da Silva gravou um CD inteiro, Caminho da Luz, para saudar os milagres de Deus em sua vida, quem ainda não conhece o álbum vale a pena conferir como Bezerra manteve a ‘malandragem’ na interpretação e a levada do partido alto de qualidade em seu samba gospel. Confira uma palhinha no samba “Casa Santa”.

A chama não se apagou

@camposdennis

Por que Exaltasamba toca pagode e Zeca Pagodinho canta samba



Quem nunca se perguntou o por quê de Exaltasamba tocar pagode e o Zeca Pagodinho samba? É uma incógnita tão milenar quanto a do ovo e da galinha. Mas vamos explicar neste post.
Para chegar a alguma resposta, primeiro precisamos entender o que é samba e o que é pagode.
Samba é um gênero musical brasileiro, tocado com instrumentos de percussão e cordas (cavaquinho, violão, pandeiro, surdo, dentre outros) que surgiu de uma mescla afro brasileira e de ritmos como lundu, maxixe, choro e xote.
Desde a gravação de Pelo Telefone, reconhecido como o primeiro samba gravado em dezembro de 1916, mas que ganhou as rádios em 1917, o samba se propagou, sendo 'reestilizado' a cada geração, ganhando novos instrumentos, andamentos diferentes, vertentes como samba rock, samba de breque, samba canção, dentre outras. Um exemplo clássico é a geração Cacique de Ramos: Almir Guineto, Zeca Pagodinho, Sereno, Sombrinha, Jorge Aragão e tantos outros bambas que incluiram instrumentos e deram origem a forma como conhecemos o samba hoje.
Aliás, as festas que aconteciam no Cacique e tantas outras festas animadas com o samba foram batizadas de pagode.
O termo pagode em outras culturas significam locais. Assim, você usa pagode para dizer que vai trabalhar ou a um templo. Mas ai algum gênio resolveu falar que as músicas românticas, tocadas com instrumentos de samba, são pagodes.
Voltando ao assunto, o Exaltasamba surgiu na década de 80 e é formado por 5 talentosos músicos, que curtem um bom samba. Na época que o grupo nasceu, estavam em evidência sambistas como Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Originais do Samba e Exportasamba, aliás talvez tenha vindo daí a inspiração para o nome. No primeiro LP - Eterno Amanhecer, gravado em 1992, há uma mescla entre sambas de raiz como Doce Refúgio e o Show tem que continuar com bons partidos altos como Firma Teu Cavalo e Chuva Danada e músicas dolentes que apresentam algumas características do conhecido 'pagode' que ouvimos hoje.
Hoje o grupo tem seu foco voltado para o 'pagode', que é bem mais comercial que o samba de Zeca Pagodinho, o Jessé Gomes da Silva Filho.
Jessé foi criado em Del Castilho, subúrbio do Rio de Janeiro, ganhou o apelido na Ala do Pagodinho, no Bloco Carnavalesco Boêmios de Irajá. Zeca é, sem dúvida, um dos maiores nomes do samba de todos os tempos.
É isso, acho que agora você já sabe responder se alguém te perguntar porque não é Zeca Sambinha e Exaltapagode. Aliás, por que não ouvir um samba de Zeca e Exalta juntos?



A chama não se apagou!

Afinal, o que é um Samba Roots?



Sempre discuto com um amigo o que é e o que não é samba raiz.
Para ele não há diferença entre um samba dolente e um pagode que toca nas FM´s.
Na verdade é bem difícil explicar, pois a diferença é sentida na cadência, nas letras e até no timbre de voz do intérprete e, cá entre nós, quem é do samba percebe o que é um bom samba só pela introdução. Como cantou Dudu Nobre: o samba me arrepia, porque vem da alma e não do coração.
Por via das dúvidas, vou definir alguns critérios para classificar um samba em roots ou não-roots.
  1. Boa letra, independentemente de ser curta, longa, simples ou mais elaborada. Por exemplo: rimar na mesma estrofe amor e dor, paixão e coração, dentre outras, NÃO DÁ! Até minha avó faz música assim.
  2. Boa melodia. Tente transformar um samba de Dona Ivone Lara em música instrumental. Pronto. Você acaba de descobrir mais um belo choro. Agora, faça o mesmo com a música mais pedida do momento.
  3. Bom tema. Falar de amor é fácil, o desafio é falar de maneira diferente.
  4. Instrumentação. Tomo as palavras de Paulinho da Viola para dizer que a rapaziada está sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim.
  5. Algum sambista consagrado gravaria essa música?
  6. Você teria coragem de puxar essa músicas num samba de roda?
Essa regra eu utilizo para definir se um samba é roots, coringa, ou... (sei lá o que)
As músicas que alcançam 6 ou 5 desses critérios são autênticos sambas de raiz.
Os que alcançam 3 ou 4 podem ser considerados coringas, aqueles que agradam pais, filhos e têm força comercial.
Abaixo de 2: isso já é assunto para outro blog.
Na sequência um samba que, agora, com certeza você vai saber classificar.

Postagem em destaque

Mudou bastante, mas já foi uma família

Samba é cultura e samba é retrato de uma sociedade em determinado período. Traduzindo: o que antes era: "mas papai não quer deix...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...